Aos sete anos de idade perdi meu pai, mas guardo importantes lembranças do breve tempo em que estivemos juntos. “Essa menina será alguém na vida, será doutora”, dizia ele. Para nós, negros, ser “alguém na vida” não é algo natural. É, na verdade, um sonho distante a ser perseguido com muita luta. Ao ver o pranto de minha mãe viúva, e a fragilidade de meus irmãos, na época com seis anos e de um mês de idade, percebi que precisava ser forte, apoiar a minha família e buscar “ser alguém” por meio do estudo. Sempre fui muito aplicada na escola – gostava de química, biologia e de tudo relacionado à saúde. Ingressei no curso de Nutrição da Univeridade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1992. Fui a primeira pessoa da minha família a ingressar na universidade e me tornei um exemplo de superação entre parentes e amigos.
Alexandra Anastácio
Faculdade de Nutrição
Universidade Federal Fluminense