Práticas do ensino em geografia incluem cada vez mais o uso de diferentes geotecnologias. Mas outras disciplinas também podem (e devem!) ser usuárias deste conjunto tecnológico que cresce em diversidade e popularidade, estando cada vez mais acessível através de diferentes dispositivos.

O avanço da tecnologia, sobretudo com os smartphones, facilitou o acesso aos dados geoinformacionais, sendo possível encontrar material, em diferentes níveis de tratamento. Essa revolução, que configura e consolida a corrente geoinformacional, avança e abrange muitas áreas do conhecimento, e também diferentes atores.

Precisamos ter atenção ao grande volume e variedade de dados, formas de representação e aplicações que podem ser adotados na mediação de conteúdos escolares, abrindo janelas para uma necessária diversificação de práticas educacionais. Esse novo arranjo tende a contribuir para maior interesse por parte dos alunos, e também de muitos professores, por facilitar a conexão com os meios já utilizados rotineiramente por todos.

Mas, na prática, o que pode ter relação com o ensino? Primeiro, a possibilidade de representar o mundo através de modelos menos abstratos, ampliando a compreensão de suas formas e processos. É o caso das representações digitais tridimensionais e de realidade aumentada – meios de leitura do mundo que ampliam o interesse e facilitam o debate sobre muitas temáticas, por meio de maquetes digitais, por exemplo.

Depois, o uso do universo de games como recursos de percepção do espaço, em múltiplas escalas. É o caso da ‘Cartografia lúdica’, que usa universos do mundo fantástico, que habita as mentes dos jovens, e podem igualmente servir de meios de representação de formas, topologias e processos territoriais. Mesmo considerando o mundo real, há muitos jogos gratuitos que trabalham a compreensão do arranjo territorial global, exigindo que os alunos consultem o globo digital (https://worldle.teuteuf.fr), além de jogos que facilitam o entendimento das deformações causadas pela projeção do mundo através de uma representação bidimensional. Na realidade, são muitos os jogos disponíveis e os interesses em sua produção e nas formas de utilização como meios de mediação de conteúdos.

Outra linha de interesse está relacionada com as formas de representação dos dados, muitas das quais rompendo com o clássico em prol de melhorar a tradução da informação. Aqui vimos o uso cada vez maior e criativo dos storymaps, que possibilitam a contação de histórias através da exploração do uso de quadros geográficos (mapas e imagens). Esse recurso didático pode ser percebido como estratégia transdisciplinar, agregando conteúdos de diferentes disciplinas.

Um meio muito interessante e antigo, que surge com mais intensidade, é o uso de representações anamórficas. Esses cartogramas ilustram o conteúdo que se quer explorar através da deformação exagerada das áreas, ressaltando diferenças. É um tipo de representação que desperta a curiosidade e promove uma visualização rápida da distribuição espacial de determinado tema (um dos softwares de acesso livre usados nesta geração é o ScapeToad).

Em um país tão desigual como o Brasil, ainda temos uma estrada pela frente, mas já é possível perceber um crescimento na incorporação destas geotecnologias na mediação de conteúdos didáticos. Trazer as tecnologias e fisgar o interesse dos professores são os ingredientes necessários para que esta receita dê certo.