O dia 19 de agosto de 2020 ficará para sempre na memória dos habitantes de Santa Filomena, situada no sertão pernambucano, na divisa com o Piauí. Muitos dos 15 mil habitantes da cidade ouviram um estrondo e viram um brilho rasgando o céu. E o mais impressionante: ‘pedras’ começaram a cair, chegando a atingir algumas casas! Era uma verdadeira chuva de meteoritos, que literalmente fez com que Santa Filomena passasse a figurar no noticiário brasileiro.
No entanto, esses meteoritos também levantaram uma polêmica, depois que, em questão de dias, a cidade foi invadida – não por marcianos, mas por pesquisadores e comerciantes. Era algo sem precedentes naquela região. Não precisamos de muita imaginação para saber o resultado: muitos meteoritos foram achados pela população local e poucos chegaram às mãos dos pesquisadores, frustrando a ciência. Será que algo deve ser feito para garantir que essas raridades possam ser incorporadas às instituições científicas onde serão estudadas e guardadas para a posteridade?
Poucas ações são mais instigantes do que olhar para o céu. Observar a lua e milhões de estrelas nos leva a refletir sobre o que somos e de onde viemos. E desperta uma das principais perguntas que atiçam a nossa curiosidade: o que mais existe no espaço, além do nosso planeta? O pouco que sabemos vem dos telescópios e das sondas espaciais, que fotografam e obtêm dados que resultam em imagens coloridas artificialmente, algumas parecendo obras de arte.
Mas existem objetos celestes que podem ser vistos bem de perto, aqui da Terra. São os meteoritos, considerados por muitos verdadeiros ‘fósseis’ do universo, que sobraram de eventos ocorridos há bilhões de anos, quando o Sistema Solar e o nosso planeta se formaram.
Pode parecer estranho, mas todo dia a Terra é atingida por dezenas de meteoros, que são popularmente conhecidos como estrelas cadentes. A maioria se desintegra no contato com a atmosfera – o que produz uma luz muito intensa. Somente poucos chegam a cair no solo, quando recebem a denominação de meteoritos.
Não é fácil encontrar uma dessas pedras que caem do céu! A maior parte acaba caindo no mar, que ocupa aproximadamente 71% da superfície do planeta. Outras tantas caem em áreas inóspitas, como a Antártica. Ocorrências como a de Santa Filomena, onde os meteoritos caíram em grande quantidade em uma área urbana, não são muito comuns.
Soma-se a isso o problema de reconhecer essas ‘pedras do céu’… Não é tarefa fácil, acredite! Eu mesmo, que sou geólogo e tenho algum conhecimento, trouxe muitas para minha colega do Museu Nacional Elizabeth Zucolotto, a maior responsável pela divulgação da pesquisa de meteoritos no país, que não tinham nada de especial – para decepção minha e dela…
Não existe nenhuma lei que regulamente a propriedade de meteoritos. Um meteorito pertence a quem o encontrar. Em tese, essa pessoa se torna dona do objeto e pode expô-lo em sua sala de visitas ou vendê-lo para aquele que oferecer mais. Não preciso nem dizer como foi difícil para que pesquisadores conseguissem alguns desses meteoritos de Santa Filomena. A maior parte acabou sendo vendida a comerciantes, e sobrou pouco material para pesquisa no Brasil.
Para analisar a conveniência de uma lei que regulamente a questão, uma comissão acaba de ser criada pelo Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes. O problema é o seguinte: se a lei for muito restritiva, confiscando todo e qualquer meteorito como propriedade do Estado, serão poucos os moradores desses locais ‘abençoados’ pelas quedas de meteoritos dispostos a entregar o material que porventura encontrem. Se a questão ficar totalmente sem regulamentação, como é hoje, a ciência corre o risco de não ter acesso a exemplares que tanto podem nos ensinar sobre o universo. Ou, então, pesquisadores e museus de países ricos, com moeda forte e apoio da sociedade, simplesmente compram tudo e a comunidade científica do país onde os meteoritos são encontrados fica ‘a ver navios’.
Portanto, da próxima vez que eu vir uma estrela cadente iluminando o céu, já sei qual será o meu pedido: que tenhamos bom senso e, quando um desses objetos cair na Terra, consigamos dar aos cientistas a oportunidades de estudá-los, para que nos tragam mais informações sobre o universo, onde nada mais somos do que poeira de estrelas, como dizia o famoso astrônomo Carl Sagan.
Alexander W. A. Kellner
Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Academia Brasileira de Ciências
A proteção dos ecossistemas costeiros é essencial para reduzir as emissões de carbono na atmosfera. Preservar essas áreas poderia ser muito mais lucrativo para donos de terra e para países em desenvolvimento, como o Brasil, do que explorá-las economicamente.
A relatividade geral – teoria da gravitação apresentada ao mundo há cerca de 100 anos por Albert Einstein – tem tido protagonismo surpreendente – e merecido – nos temas contemplados pelo Nobel de Física. Este ano, o prêmio foi para buracos negros.
Quando escutamos o termo ‘saneamento básico’, pensamos em água tratada, rede de esgotos e coleta de lixo... Mas esses serviços são muito mais do que isso. São reconhecidos, pela Organização das Nações Unidas, como direitos humanos.
Muitos filmes retratam viagens para o passado ou para o futuro, fenômeno que, embora gere reflexões sobre suas consequências, não é descartado pela teoria da relatividade de Einstein, a principal ferramenta da física para o estudo do universo.
O conceito de raça não existe biologicamente, é uma construção social de efeitos concretos nas sociedades com colonização europeia, em que indivíduos considerados brancos usufruem de vantagens estruturais, como maior facilidade de ascensão social e acesso a direitos básicos.
Pesquisadores apresentaram o registro mais antigo da interação entre insetos e plantas preservado em folhas de angiospermas fósseis encontradas na Ilha Nelson, na parte ocidental da Antártica, evidenciando um clima mais ameno na região há 75 milhões de anos
Com ajuda de imagens detalhadas obtidas por técnica sofisticada de tomografia, pesquisadores descreveram o réptil voador extinto mais completo encontrado no continente australiano e que possui afinidade com espécies do Brasil
Espécie de 11 a 15 metros de comprimento foi descoberta em rochas de 47 milhões de anos em uma mina indiana e sugere que o gigantismo alcançado por esses répteis seja decorrente das condições de temperatura de florestas tropicais que existiam naquele país
Dente encontrado em rochas de 34 milhões de anos no Acre indica a inesperada presença de uma linhagem de primatas asiáticos extintos na Amazônia, trazendo novos dados sobre a colonização do continente sul-americano por esses mamíferos
Análise de exemplares coletados em camadas formadas entre 238 e 236 milhões de anos atrás amplia a diversidade de répteis fósseis que antecederam os dinossauros, acentuando as diferenças entre as faunas triássicas do Brasil e da Argentina
Pesquisadores chineses e brasileiros descreveram o mais completo réptil alado de um grupo raro denominado Chaoyangopteridae, que foi encontrado em rochas de cerca de 125 milhões de anos e celebra duas décadas de colaboração entre os dois países na paleontologia
Sociedade de Paleontologia de Vertebrados (Estados Unidos), principal organização que agrega pesquisadores, técnicos, artistas e demais interessados na área, acaba de realizar sua 83a reunião anual, com muitas homenagens e novidades da pesquisa paleontológica
Pesquisadores projetam que a formação de uma extensa massa continental, denominada Pangeia Última, daqui a cerca de 250 milhões de anos, vai gerar condições climáticas extremas, sobretudo um aquecimento global que irá restringir as regiões habitáveis do planeta
Publicada na capa da revista Nature, descrição de réptil fóssil de cerca de 230 milhões de anos encontrado no Brasil sugere que os precursores dos dinossauros e pterossauros eram bem mais diversificados do que se supunha
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