A informação de que nos últimos 12 meses o Brasil cresceu 72,2 km2 – o equivalente a três vezes a extensão territorial de Fernando de Noronha – foi divulgada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. De imediato, parece muito, mas não é, se considerarmos que a expansão foi de 8.510.345,540 km², dados referentes a 2021, para 8.510.417,771 km². Ou seja: o acréscimo corresponde a menos de 0,001% de dimensão territorial brasileira. Afinal, somos realmente muito grandes!

Mas o fato é que o Brasil não aumentou, necessariamente. A novidade é que nossas medições mudaram e agora estão mais precisas. Por quê? Bom, primeiro, porque a tecnologia avança constantemente e isso influencia nos métodos de medição e de processamento de dados – o que se reforça por termos atualmente a ajuda cada vez mais eficiente do uso de dados de GPS e de imagens de satélites. Segundo, porque muitas destas fronteiras são definidas por limites físicos, como é o caso dos rios, e foi necessário, neste processo, atender a publicação de uma nova legislação, decisão judicial e diversos relatórios e pareceres técnicos efetuados por órgãos estaduais. Essas definições são sempre revistas, dado que as fronteiras são consideradas quase como organismos vivos.

Em síntese, as alterações de nossas demarcações de fronteiras somadas ao uso de técnicas mais precisas foram os fatores responsáveis por esses novos números. E, nesse arranjo final, é preciso que as Comissões Demarcadoras Internacionais estejam de acordo para que todos reconheçam esses limites.

Agora, veja que interessante: essa alteração não é uniforme ao longo de nossa fronteira. A mudança afetou, ou atualizou, os limites de um total de 174 municípios brasileiros. Os estados que apresentam a maior quantidade de municípios que sofreram atualizações territoriais são Rio Grande do Sul (61 municípios), Pernambuco (50) e Paraná (47).

Aproveitando esta notícia, podemos pensar na importância que as delimitações territoriais têm na definição de mapeamentos, e a relevância destes para a efetuação dos cálculos de áreas, perímetros e distâncias. Cabe refletir também sobre o cuidado que se deve ter quando essas delimitações envolvem fronteiras, isto é, outros países, para que sejam evitados possíveis confrontos. Daí a necessidade de um longo alinhavo dessas medições para que os órgãos responsáveis possam credenciar todas as mudanças.

Quando falamos de medições no terreno, fica difícil para a população em geral absorver a real dimensão do que se trata, entendendo o quão grande ou pequeno é isso, ou qual a sua correspondência em relação a elementos conhecidos. Assim, é muito comum que as mídias em geral e, mais recentemente, os cientistas, usem elementos de referência para facilitar as comparações. Um caso bem comum é associar um hectare (equivalente a 10.000 m2) a um campo de futebol. Quem nunca escutou uma notícia de desmatamento associando os totais encontrados com campos de futebol?

Por fim, você sabia que o Brasil é o quinto maior país do mundo? Em dimensões territoriais, ficamos atrás apenas da Rússia, do Canadá, da China e dos Estados Unidos. O acréscimo de aproximadamente 72 km2 não foi suficiente para mudar este ranking!