Pergunta enviada por Ian Miranda, por correio eletrônico.
Quando um mergulhador submerge, a pressão dos gases fornecidos pelo cilindro aumenta – para compensar a pressão externa, exercida pela água sobre o tórax e que poderia esmagá-lo. Quanto mais profundo o mergulho, claro, maior a pressão. E, com esse aumento da pressão dentro do pulmão, mais moléculas de gases penetram no sangue, e, consequentemente, em outros locais do organismo.
Quando o mergulhador vai retornando à superfície, ele deve seguir regras específicas e fazer algumas paradas. Isso é necessário para permitir que os gases até então dissolvidos no organismo retornem ao sangue e, em seguida, para os pulmões, agora com pressão mais baixa, por onde são eliminados. Caso o mergulhador não obedeça a esse procedimento, o gás dissolvido criará bolhas – e problemas! Esse fenômeno é visto rotineiramente, quando se abre um refrigerante: o gás dissolvido no líquido, sem a pressão que o diluía, cria as bolhas que observamos.
Em aviões a jato, a altitude de cruzeiro – cerca de 10 mil metros – a pressão é inferior à pressão que experimentamos ao nível do mar (1 atmosfera). A pressurização simula, dentro do avião, uma pressão próxima àquela encontrada a 3 mil metros de altitude. Estamos, portanto, diante de um processo inverso ao do mergulho. Assim, se o mergulhador não eliminou todos os gases introduzidos em seu organismo pela alta pressão intrapulmonar do mergulho e sobe a grandes altitudes, pode ocorrer em seu organismo o que se vê na abertura de um refrigerante.
Uma das consequências desse cenário é o que mergulhadores chamam de doença descompressiva. Quando a eliminação do nitrogênio acumulado no sangue e nos tecidos é muito abrupta, esse gás formará bolhas no organismo e elas poderão causar vários problemas – comprimir nervos, obstruir artérias e vasos linfáticos, provocar dores, desencadear reações químicas que podem ser danosas ao sangue…
A doença descompressiva é bastante rara entre os mergulhadores. Recomenda-se que, após o término dos mergulhos, espere-se pelo menos 24 horas antes de embarcar em um voo.
Walter Araujo Zin
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Texto originalmente publicado na CH 323 (março de 2015). Clique aqui para acessar uma versão parcial da revista.
Ana gabriela Santos da Silva
Quero saber
Lpzin
Interessante saber sobre isso
Giovanna Estevam
Na minha opinião está correto, e sim pode causar muitos problemas se não seguir o protocolo correto…
Cauã
Muito obrigado que Deus abençoe vcs
Me ajudou muito esse texto
Grazielly
Adoro histórias