Análise de três décadas de pesquisas de opinião desfaz mitos e traz revelações: população diz estar tão interessada em ciência quanto por esporte, mas pouquíssimos conseguem citar o nome de um pesquisador brasileiro ou de uma instituição.
A celebrada antropóloga norte-americana Margaret Mead (1901-1978) coletou, nos anos 1950, centenas de desenhos de crianças, de diversos países, sobre o satélite artificial soviético Sputnik, a bomba atômica, e, sobretudo, a figura do cientista. Confirmou o que muitos presumiam: a representação popular dos cientistas não era boa. Carregada de estereótipos, mostrava os pesquisadores como afastados da sociedade, estranhos e, eventualmente, perigosos. Mead descobriu que quase ninguém sequer gostaria de se casar, ou que um filho se casasse, com cientistas. Foi com esse triste retrato que surgiram os primeiros indicadores de percepção pública da ciência.
As pesquisas de Mead foram motivadas pelo forte impacto na opinião pública dos Estados Unidos do lançamento do Sputnik e do bombardeio atômico às cidades de Hiroshima e Nagasaki. Mas, hoje, tais estudos são feitos constantemente em quase todos os países, inclusive por aqui.