O fibrocimento pode ser usado na confecção de telhas, placas planas e acessórios para construções.
Um novo tipo de cimento desenvolvido no Brasil vem sendo considerado uma alternativa ecológica ao cimento-amianto para a produção de telhas e placas planas. Resultado de pesquisas conduzidas pelo engenheiro civil Carlos Marmorato Gomes após seu doutorado na Universidade de São Paulo (USP), o material usa fibras de escória descartadas de atividades siderúrgicas. Amostras do novo fibrocimento já foram aprovadas em testes de resistência e durabilidade, o que capacita o produto para uso em construções.
O fibrocimento serve como base para a fabricação de diversos materiais usados em construção. O amianto ainda é o principal componente dos fibrocimentos produzidos atualmente. Para a fabricação de placas planas, porém, o uso do mineral já não é mais preciso. O novo fibrocimento, que, além da escória, é feito de um composto híbrido de fibras poliméricas e celulose, pode substituir o cimento-amianto com vantagens.
O grande diferencial do novo produto são seus benefícios ecológicos. O uso de fibras de escória vai evitar que esse material seja lançado em aterros sanitários pela indústria siderúrgica, o que prejudica o meio ambiente. Além disso, o novo fibrocimento não é tóxico, ao contrário do produzido com amianto, mineral bastante nocivo à saúde, cancerígeno, e que já teve seu uso proibido em diversos países.
O fibrocimento feito de escória, que teve seu desenvolvimento finalizado na empresa do engenheiro – a TREND Tecnologia, Pesquisa e Desenvolvimentos, incubada na Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos –, tem ainda vantagens econômicas. Embora o amianto seja mais barato no mercado, o uso do novo cimento pode significar uma redução de até 30% no custo final de produção, já que utiliza material que seria descartado.
Telhas e placas planas produzidas com o fibrocimento de escória descartada de siderúrgicas, uma alternativa ao cimento de amianto. (Foto cedida pelo pesquisador).
Para a fabricação de uma telha em laboratório, por exemplo, o pesquisador usou 1,8% de fibras de polipropileno, 2% de fibras de escória, 2% de fibras de celulose e 25% de calcário. O restante foi preenchido com cimento convencional, chamado Portland. Mas Gomes ressalta: “Não se trata de uma receita. As composições podem variar conforme as necessidades do produto e do sistema de produção.”
Alternativas ao cimento-amianto têm sido bem aceitas no mercado. Elas já representam a maior parte das vendas tanto do material puro quanto de seus derivados, com exceção das telhas, que ainda usam um percentual de amianto em sua produção. Segundo pesquisa realizada pelo Sindicato Nacional dos Produtores de Artefatos de Cimento em 2003, dos cerca de 400 milhões de metros quadrados (m 2 ) de cobertura existentes no Brasil, aproximadamente 50% eram fabricados em amianto. “Em 2006, esse número subiu para cerca de 420 milhões de m 2 , dos quais 46,7% eram feitos de amianto”, afirma Gomes, ressaltando que o mercado para produtos alternativos é promissor. “A tendência é que o novo fibrocimento seja bem aceito, justamente por seus benefícios ecológicos”, avalia.
João Gabriel Rodrigues
Ciência Hoje On-line
28/05/2007