O tarô é um jogo de cartas que propõe revelar o futuro. Nos dias de hoje, é considerado por muitos tão exotérico quanto a astrologia. Por isso, só a menção da existência de um ‘tarô científico’ já gera surpresa. Surpresa menor, apenas, do que saber que esse tarô existe e foi tema de reportagem da respeitada revista The Scientist.

Na verdade, esse novo tarô nada mais é do que a releitura das  cartas do tarô convencional para o universo científico, por meio de desenhos que relacionem os significados das cartas a fenômenos conhecidos na ciência.

O caminho para a criação do tarô científico é menos místico do que parece. É fruto daquela velha mistura ‘arte e ciência’ e começou quando a doutora em bioquímica e biofísica Raven Hanna trabalhava em uma instalação de colegas artistas. Um deles, o escritor Azevedo Martin, era fã de tarô e a conversa entre os dois sobre o assunto levou a uma dedução óbvia: não existia tarô com temas científicos.

A partir daí, foi apenas o tempo de juntar uma trupe de divulgadores de ciência, outros artistas e interessados em geral para conceberem o baralho. A obra foi apresentada em um festival de arte e fez sucesso.

Mas como é feita a transposição do tarô esotérico para o tarô científico? A figura comumente conhecida do ‘louco’, por exemplo, é interpretada no tarô científico pela forma de um estudante andando em uma pilha de livros.

Assista abaixo (em inglês) uma apresentação
do tarô científico

 
A equipe fez também – haja criatividade! – a caracterização científica do cinco de paus, que tradicionalmente representa um evento catastrófico seguido de uma menção de esperança. O que a turma do tarô científico desenhou? Uma cianobactéria liberando oxigênio, matando outros organismos e, ao mesmo tempo, permitindo formas de vida mais complexas surgirem.

Da esquerda para a direita: O baralho, a catástrofe e o louco (foto: Science tarot).

É claro que os criadores do tarô da ciência não acreditam na possibilidade de as cartas preverem o futuro. O objetivo maior é fazer chegar a ciência àqueles que não teriam acesso (ou interesse) a esse tipo de conhecimento. E – sim – a turma gosta da brincadeira e quer também divertir os cientistas com o jogo.

Para quem se interessou:  as 78 cartas do tarô científico podem ser adquiridas no portal do projeto. Segundo a reportagem da The Scientist, é possível que aconteçam leituras das cartas do tarô científico ainda este mês, na Academia de Ciências da Califórnia (Estados Unidos). A ver – e prever.

Thiago Camelo
Ciência Hoje On-line